Mirella escreveu um bilhete e colocou nas mãos de Pedro. O bilhete só dizia assim: Se você me ama escreva com letras azuis...
Ela era sem dúvida a garota mais cobiçada do colégio. A mais bonita, mais meiga. A garota dos seus sonhos.
Que significava aquilo? Escrever com letras azuis, mas onde?
Ele a queria, a amava, a adorava. Fazia dois anos que a comia com os olhos e nada. A garota não lhe dava a mínima.
Agora um bilhete em suas mãos.
Não deu tempo de segurar aquela mão delicada entre as suas. Ela o pegou de surpresa, colocou o bilhete e rapidamente se afastou.
Lógico que ele ficou meio bobo. Ela o pegou totalmente desprevenido.
Leu e releu o bilhete. A letra tão delicada, tão parecida com a dona. Se você me ama...
Guardou o bilhete na mochila. Guardaria para sempre, claro! E o beijaria a cada manhã. Afinal, estava apaixonado por ela!
─ Pedro, que olhar de besta!
─ Ah! Murilo... não é nada não.
─ O que houve?
─ Nada.
─ Acredito...
─ Vamos ao cinema hoje?
─ Vou sair com uma gata.
─ Quem?
─ A Vânia.
─ A ruiva?
─ É.
─ Boa sorte amigo.
─ Falou cara, valeu!
No dia seguinte rapidamente outro bilhete lhe chegou às mãos. Uma garota veio entregar.
A frase desta vez: Se você me ama traga uma borboleta amarela em três dias.
Borboleta? Onde poderia encontrar uma borboleta, e amarela?
A garota só poderia estar brincando.
Guardou o bilhete.
No terceiro dia mais outro, entregue por outra garota dizendo: Se você me ama desenhe uma flor vermelha e me entregue em dois dias.
Essa é fácil. Desenho é comigo mesmo.
Mais uma vez guardou o bilhete.
Quarto dia. Outra garota e a frase: Decifrou o enigma? Amanhã é o prazo. Lembre-se: “Se você me ama escreva com letras azuis, traga uma borboleta amarela, desenhe uma flor vermelha”.
Muito fácil.
Chegando em casa Pedro descalçou os sapatos, tirou o uniforme. Colocou uma bermuda e correu para sua sala de estudos.
Desenhou uma linda flor vermelha, pousando sobre ela uma borboleta amarela, e em suas asas escreveu em azul: Eu te amo!
Como fazer para que o desenho lhe chegasse às mãos?
─ Márcia, você entrega para a Mirella?
─ Tudo bem.
─ E por favor não abra o envelope.
De longe ficou olhando a reação da garota ao recebê-lo.
Ela o abriu com as delicadas mãos. Os olhos sorriram. Olhou-o de um modo que só queria dizer uma coisa: Eu também te amo.
Ficou parado esperando, feito bobo. O sorriso dela era uma afirmativa.
Então Mirella se aproximou e lhe falou baixinho:
─ Você decifrou. Era o que queria. Adorei.
─ Mesmo?
─ Quer uma prova?
─ Sim.
Nas pontas dos pés ela se aproximou mais e lhe deu um beijo leve nos lábios. Surpreso ele a abraçou e disse a frase que ela tanto queria ouvir:
─ Eu te amo.